I.
... imersa em meus pensamentos, pensando em quando e como seria meu momento ideal.Aquele momento no qual ninguém poderia interferir, onde eu estaria junto com quem eu realmente amasse.
Não, eu não vivo em um conto de fadas, eu sou apenas mais uma mortal, em meio á vários outros.
Como disse, estava imersa em meus pensamentos, quando reparei que ainda estava debaixo do chuveiro.
Terminei de me enxaguar, me enrolei numa toalha, e rumei ao meu quarto, em busca de uma roupa perfeita.Festa? que nada!Eu iria partir para mais um dia na faculdade principal da cidade de Washinton nos EUA.
Desci para a cozinha, com meus estomago em êxtase.Vi que minha mãe havia deixado pão na torradeira, que por sinal ainda estava quente.Passei uma geléia, que na correria nem reparei no sabor, peguei minha bolsa e sai de casa.
Enquanto esperava o ônibus e deliciava meu humilde pão, reparei em um casal de idosos sentados no banco da praça, em frente ao ponto.Eles pareciam realmente apaixonados um ao outro, não por estarem se beijando ou coisas do tipo, simplesmente pelo olhar dos dois, eram incrivelmente brilhantes e quase transbordavam em lágrimas de tanta emoção, pareciam ter se reencontrado depois de muito tempo separados.
Mais uma vez estava dispersa do mundo quando o ônibus chegou. Embarquei e quando me sentei continuei olhando para o casal de idosos até eles sumirem de vista, quando o ônibus fez uma curva violenta, contornando o parque.
Peguei um livro de poemas para ler durante a pequena viagem, coisa que eu sempre fazia para me distrair.E novamente me vi imaginando coisas, voltei ao mesmo pensamento que tive pela manhã, e liguei aquele pensamento ao casal de idosos do parque. Se me perguntassem qual era o meu sonho, a exatamente 00:30 hora atrás eu responderia que era meu sonho se formar e ser uma grande jornalista de sucesso, mas, se me fizessem a mesma pergunta neste exato momento, minha resposta seria viver o suficiente para passar pelo mesmo momento que aquele casal.
Cheguei enfim a faculdade.Comprei um pacote de bolachas na cantina , pois o pão não havia sido o suficiente para matar minha fome.
Sentei num banco, esperando a sineta tocar anunciando o começo das aulas daquela segunda-feira nublada.
Olhei meu horário e fiquei feliz em saber que minha primeira aula seria química, na qual a sala era dividida entre 2 turmas.
O único motivo que tornava aquela aula dividida especial, era saber que Ele estaria lá também.
É claro que estou falando do Andy.Ele era o garoto mais desejado da faculdade inteira, não pela beleza superior a qualquer coisa, mas pelo cavalheirismo, pelo carisma e afins.
Era ao lado dele que eu me imaginava no futuro, naquele momento especial que eu desejava ter.
Era o mais novo de 3 filhos, e pertencia á família Goulart, uma das mais ricas dos Eua.
Michael Goulart era médico, formado na maior faculdade de medicina da América Latina.
Todos diziam que o sr. Goulart queria abandonar a carreira depois que Andy nasceu, mas sua esposa, Meridian, não admitia que o marido abandonasse tudo por causa do filho.Logo depois veio os gêmeos Lílian e Kevin, Meridian, que na época começava a enfrentar um câncer nos ossos, já não conseguia mais cuidar de 3 filhos pequenos e aceitou de uma vez por todas que o marido saísse do trabalho para ajudá-la em casa.2 anos depois, Meridian faleceu no parto do 4 filho do casal, que por sua vez havia nascido prematuro e também veio a falecer 5 dias depois.
O drama se espalhou na família Goulart, foi então que Andy, Lílian , Kevin e Michael vieram morar em Washinton, aonde os Avós paternos de Andy moravam.
O sr. Goulart arranjou um bico num hospital perto de casa, e é com o seu salário que agora sustenta a família.
O sinal tocou, segui totalmente feliz para a sala á esquerda do sanitário feminino do terceiro andar, contando os segundos para o encontrar.
Mas minha felicidade expirou quando entrei e não o vi.
Ele não estava ali, resolvi esperar, talvez estivesse atrasado. Eu sabia que ficar ansiosa era inútil, até por que, isso não faria ele chegar mais rápido.
Todo meu restinho de esperança sumiu quando a professora Molly entrou.
Com seus óculos quadrados e seus olhos pretos feito duas jabuticabas, Molly era uma segunda mãe para todos os alunos, com seu instinto maternal e seu bom humor irradiante, ela conseguia a proeza de manter trinta e cinco alunos quietos e atentos a cada palavra que ela dizia durante uma aula inteira.
Todos amavam essa aula, exceto eu!Química, para mim, era humanamente impossível, praticamente semelhante a procurar um grão de arroz preto em meio a milhares de grãos de arroz branco!
Assim que o sinal tocou, sai da sala rumo a minha próxima aula, seria Educação Física.
Entrei na quadra ainda deserta e me sentei num banco para esperar o resto da turma chegar.Estava desejando, hoje mais do que nunca, que o dia passasse rápido, para eu chegar em casa, sentar na frente do computador, e teclar com minha bff, Anne.
Ela também era apaixonada por Andy, e por morarem pertos era ela que me contava cada passo que ele dava.Com certeza saberia o por que dele ter faltado á escola.
Seus irmãos, Lílian e Kevin tinham ido a aula, mas por não serem meus amigos, eu não me atreveria a chegar e perguntar : ´´Tipo assim, eu amo-o seu irmão Andy, e tipo assim, Porque ele faltou mesmo? ´´.Afinal, cara de pau é a única coisa que eu não tenho e nunca tive!
Pensar nisso me deixou um pouco melhor. Isso era o que eu mais precisava, ficar bem, por que a professora Catherine havia entrado, e por estarmos à beira do campeonato intercolegial de handebol todo treino devia seguir rigorosas regras e para isso todos precisavam estar totalmente concentrados.
Fui ao vestiário, tirei meu uniforme da mochila e me troquei.Ao sair dei de cara com a Izabel, uma das garotas que tinha seu nome na minha listinha negra.
-E ai Luisa, pronta pra ter a cara amputada nesse treino?-Disse ela, e suas ´´seguidoras´´ deram risinhos de deboche.
Com meus nervos á flor da pele, resolvi que não levaria desaforo para casa.
-Acho que mesmo antes do treino, quem vai ter a cara amputada vai ser VOCÊ!- respondi, e sem perder tempo voei no pescoço dela.
Os garotos que estavam no vestiário masculino ao lado, ouviram a briga e foram agitar.
Como toda briga de colégio segue a mesma regra básica ( uma menina agride verbalmente a outra, que por sua vez responde ao desaforo e então começam os arranhões e puxões de cabelo.Sempre tem um garoto bobão que vai contar pra professora, e no fim, todo mundo vai parar na diretoria) , Pedro, era o nome do garoto dedo duro que contou tudo a professora Catherine. E lá fomos nós para a diretoria.
De cara emburrada, entrei e me sentei em frente à mesa de carmim brilhante que ocupava quase toda a sala da Diretora, Dona Glória.
Esperamos lá sentadas uns 10 minutos até que Dona Glória entrou na sala.
Com seus óculos quadrados e bochechas anormalmente redondas, ela olhava para mim e para Izabel com cara de desdém.
Pegou então dois papeis que eu logo reconheci como advertência e começou a escrever.
Ainda sem falar uma palavra sequer, entregou os papéis para nós, se levantou e, pela primeira vez disse a nós para que saíssemos e retornássemos ao treino.
A professora Catherine separou a turma em dois grupos, e nos entregou a bola para que começássemos a jogar.
Sem estar totalmente satisfeita com a advertência que havia ganhado, Izabel não mediu esforços para fazer com que a bola atingisse em cheio a minha cara.
Livro perfeito! Posta maaaaais *-*
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